domingo, 8 de julho de 2012

Pedalando em Santos



Já fui em Santos em outras duas oportunidades em passagens rápidas, mas dessa vez queria conhecer mais a cidade,  andar não somente nas ciclovias, mas também encarar o trânsito, conhecer a cidade mais no geral, sua arquitetura clássica e descobrir como é Santos além de ser legal passear na ciclovia da orla.


Já devem ter lido em algum lugar que cita a cidade de Santos como a cidade das bikes, mobilidade, e isso tudo é verdade, é a única cidade onde vi que a ciclovia não é invadida por caminhantes ou por aquela madame com seu cachorrinho, até porque acho que seriam atropelados pelo alto fluxo de bicicletas, até em horários de menos fluxo é dificil ver alguem andando na ciclovia.


Por dia passam 60 mil ciclistas que na grande maioria são de trabalhadores e moradores das cidades vizinhas, São Vicente, Guarujá e Praia Grande, e usam Santos como rota de passagem ou trabalham por lá, a cidade investe em semáforos específicos para bicicletas em determinados trechos das ciclovias, placas destinadas aos ciclistas, dando mais segurança e impulsionando a mobilidade.


É uma cidade com todo potencial para usar a bicicleta como meio de transporte, tudo favorece, além das ciclovias o trânsito mais lento, distâncias curtas, clima ameno, ruas estreitas e planas favorecem o ciclista. 


Só que ao mesmo tempo senti que muito mais gente poderia estar usando a bicicleta pra se locomover, muitos ainda preferem optar pelo carro e ficar parado no trânsito, dá pra ver que é mais uma opção social, a bicicleta ainda é vista como um meio de transporte pra quem não pode comprar um carro, o “pobre”, não que isso não aconteça em outras cidades, mas lá é evidente. Mas também tenho certeza que os governantes ainda tem muito pra colaborar por essa mobilidade, e lembre-se, cada vez mais ciclistas na rua acaba virando obrigação dos governantes investirem mais na cidade a favor das bicicletas.


Outra coisa que adoro nessa cidade é a arquitetura clássica, de repente pra moradores esses detalhes passam batidos, mas pra mim é algo muito especial, é vintage, pedalar pela cidade, bairros, ir devagar, ver os detalhes, te faz viajar no tempo, é histórico, vai ver casas mais conservadas, outras reformadas e também algumas mais abandonadas, igrejas, colégios antigos, ali está a historia dessa cidade, algo que o cidadão santista tem que valorizar, até porque é uma arte que não existe mais nos dias de hoje.

 
                No final Santos é uma cidade que adoro e sempre é bom ir pedalar por lá, tem muita coisa legal pra conhecer, e no roteiro já pode incluir São Vicente, morro da Ilha Porchat, morro da Asa Delta, Guarujá, Praia Grande, etc, é tudo perto e vai curtir muito, recomendo!


sábado, 21 de abril de 2012

Arte de Sobreviver


Qual melhor maneira de pedalar procurando preservar sua vida? Talvez você me responda: roupas claras, luzinhas na bike, capacete,  será? Desse modo não chamaria mais atenção dos ladrões de bike? Não ficaria mais suscetível a ser assaltado? É um pouco de tudo, infelizmente já não bastando correr o risco diariamente de ser atropelado no trânsito agora se une ao risco de ser roubado, não sabemos se equipamos a bike pra sermos vistos ou se deixamos cada vez mais discreta e apagada pra não chamar atenção dos bandidos, é uma incógnita que vai persistir.


Pra quem usa a bike pra fazer quase tudo, que anda no trânsito, anda de dia, anda a noite, essas preocupações vem mais a tona, até a escolha da bicicleta se inclui nessa conversa, será que é melhor uma bike mais simples, v-brake, cor discreta, e menos chamativa possível, ou não tem problema de ser mais atrativa, freio a disco, etc.


Acho que isso é de cada um, mas tudo vai depender do uso que vai fazer dela, aonde você anda, em que horário, se anda sózinho ou em grupo, só compondo as várias situações que vai chegar a uma conclusão, um bom u-lock também é muito útil e pode ser a divisa da bike ser furtada ou não, não é baratinho, mas é um ótimo investimento, e te dá mais segurança pra prender ela em algum lugar e fazer alguma tarefa pessoal rápida.



Pegar ruas mais movimentadas, com pessoas mais ao redor também ajuda, bem que ao tardar da noite podem estar bem vazias, mas pelo menos poderá imprimir um ritmo mais forte não dando tempo a um malandro pensar em uma ação criminosa, alguns vão achar absurdo, mas dependendo da hora e local até proponho a andar sem o capacete e apagar as luzes da bike, no máximo deixar a traseira acesa, mas não no piscante, isso vai deixar você menos visado, até sendo considerado um ciclista normal sem atrativos para um assalto, é claro que as ações são de cada um, se sentir seguro é o que vale.


No final o mais importante é pedalar e estar feliz com a sua bike, seja qual for o modelo e quanto custar, continuar pedalando é preciso, mas cuidado e juízo nunca é demais!





quinta-feira, 8 de março de 2012

Bicicletada Nacional


      A bicicletada nacional foi um sucesso, bonito ver o Brasil inteiro se mobilizando, com certeza a tragédia com a Julie e de outros ciclistas não passaram batida, mostrou que não podemos ficar parados, e sim cada vez mais lutando pelos nossos direitos, parece que despertamos as pessoas pra esse assunto, senti as pessoas se mobilizarem de verdade, tem muito mais gente apoiando nossa causa que imaginamos, agora é não deixar que essa luz se apague, porque ainda temos um grande caminho pela frente.


      Aqui em Campo Grande que ajudei a agitar foi muito legal, apesar de ter sido em cima da hora fizemos bonito, por volta de 100 ciclistas aderiram ao nosso manifesto, e melhor ainda, incorporaram o espirito da coisa, cartazes, inclusive também feitos a mão na hora, apitaço, foi bonito ver a galera se envolver, é isso que estávamos precisando. 


      Nosso manifesto chamou atenção de muita gente, de toda a imprensa, o retorno foi grande, agora esperamos ver o resultado nas ruas, no respeito dos motoristas conosco, sei que não vai se resolver todos problemas da noite para o dia, mas acho que em pequenas ações assim, feitas com amor e envolvimento, que vão ser o brotar de uma semente que busca um futuro com mais paz no trânsito, todos aprenderem a conviver em harmonia, até a próxima galera, valeu demais, e continuemos sonhando, ou melhor, lutando pra essa realidade futura!


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sexta-feira, 2 de março de 2012

Uma morte, um sonho...

       Uma bicicleta, um ônibus, um atropelamento, um corpo estendido no chão, uma vida que não volta mais, um dia trágico, assim que vai ser lembrado o dia 02 de março de 2012, uma ciclista da nossa família foi morta tragicamente em São Paulo, sim, da nossa família, somos milhões de ciclistas por esse Brasil imenso, que mesmo sem se conhecermos, temos as mesmas ideias de lutar por um mundo melhor, um sonho de humanizar nossa sociedade, e vivermos todos em harmonia no trânsito e fora dele, talvez utopia, ou um passo pra realidade. 


      Juliana Dias (Julie), 33 anos, bióloga, era ativista e fazia parte do grupo Pedal Verde, movimento que alia a causa ambiental ao ciclismo, lutava por maior acessibilidade aos ciclistas em centros urbanos e usava a bicicleta diariamente no percurso casa – trabalho.


      Depois de uma tragédia dessa muitos devem pensar em deixar de usar a bicicleta como meio de transporte, achar que é perigoso e tal, mas é ao contrário, um fato desse serve pra nos fortalecermos e colocar nossas bikes nas ruas, cobrar respeito e humanidade no trânsito, sempre temos que lembrar que com mais bikes nas ruas mais seguro vai ser pra nós ciclistas


      Mesmo que os ignorantes e atrasados de espírito nos critiquem, insistam em colocar a culpa em nós mesmos, que bicicleta é pra andar no parque só como lazer, vamos continuar lutando, nunca vamos desistir, nem se o preço seja morrer em baixo de um ônibus, eu acredito, não viemos nesse mundo a passeio, do que vale essa vida se não for pra sonhar em mudar o mundo, lutar por nossas ideologias, gritar para que a nossa voz seja ouvida, eu vou viver pra isso... ou morrer...!




quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Híbrida - primeiras impressões


     Primeiro preciso explicar o que seria uma bike híbrida, já que muitas pessoas não conhecem esse conceito, o básico seria uma mistura de uma speed com uma mtb, rodas 700c com componentes de mtb, objetivo de ter maior rendimento pelas rodas maiores não tirando o conforto de uma mtb, uma bike urbana e leve, pneus mais grossos do que uma speed, assim furam muito menos e dão mais conforto, e usando um pneu misto encara tranquilamente uma estrada de terra, algumas vem com freio a disco oferecendo mais segurança. É um conceito muito utilizado na europa e pra cicloturismo, já que normalmente elas vem com entradas pra bagageiro, para-lamas, inclusive garfo rigido com entrada pra bagageiro dianteiro, algumas são equipadas com suspensão dianteira. No Brasil esse conceito ainda não é muito difundido, inclusive se acha poucas opções de bikes desse tipo, mas pouco a pouco vai conquistando novos adeptos e mercado.

    
     Já estava a muito tempo atentado a pegar uma bike híbrida, pesquisei modelos, pontos fortes e fracos, tudo que poderia me ajudar nessa decisão, não estava satisfeito com minha 26’, estava achando que me cansava mais rápido e cada vez mais me sentia perdendo rendimento, e estou falando de pedais normais, nada fora de normal, e também como estou numa fase bem mais de asfalto do que trilha, achei que viria bem a calhar.


     Achei a Giant Seek que me agradou muito, além de discreta, tem os suportes de bagageiro dianteiro e traseiro, geometria bem legal, e ainda no site que pesquisei tinha o tamanho Small, aliás só tinha esse tamanho, porque já é raro achar hibrida no Brasil, é bem limitado esse mercado, e no tamanho Small mais ainda, em uma promoção de final de semana arrematei a bike na NetShoes, e depois de comprar já ficou indisponibilizada no site, era pra ser minha, última unidade.

     Chegando a bike fiz uns up’s, ela é original 24v Acera, coloquei minha transmissão Sram X5 27v e um pedivela integrado 48-36-26, pra completar só falta um freio hidráulico que em breve vai vir.


     Prontinha fui testar num pedal noturno pela cidade com a galera, gostei bastante, era o gás que precisava pra reanimar com a bike, nas subidas senti bastante, força mais as pernas, senti um cansaço a mais, normal pra quem sai de uma 26’ pra uma 700c e com um pedivela de mais dentes, mas isso é adaptação, mas quando passa dos 20km/h consegue manter a velocidade sem grandes esforços, sempre tem tração, então descendo bem vai conseguir subir melhor já aproveitando o embalo, o que senti bastante falta foi a suspensão, quando passa naquelas ruas que tem mais remendo do que asfalto meus punhos sofrem, rs, mas a cada dia vou aprendendo a lhe dar melhor com isso.


     E nesse domingo fui pra Terenos, pegar uma estrada mesmo, é uma pequena cidade que são 70km ida e volta daqui de casa, e na estrada a hibrida é uma maravilha, consegue manter um rendimento bem legal, mas automaticamente você força mais até sem perceber, o que vai sentir no final do pedal,  pelo menos pra mim que estou naquela fase de adaptação, mas no final da avaliação a híbrida está aprovadíssima, mas é uma bike que é pra andar num ritmo mais constante, em baixa velocidade sente mais, em breve faço uma viagem com ela, dai vou ter todas impressões dela.


quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Síndrome de Wilson


No meu cicloturismo pelo litoral 2011 tive uma experiência nova pra mim, pra muitos cicloturistas seria normal viajar sozinho, mas pra mim encarar momentos legais e difíceis sem ter um parceiro foi no mínimo desafiador, mas encarar o novo é sempre um aprendizado, e com os altos e baixos de encarar a estrada sozinho acho que criei uma síndrome, que aliás muitos cicloturistas vão se identificar, vou chamar de “Síndrome de Wilson”, acho que todo mundo lembra da famosa cena do filme “O Náufrago” né, que faz da bola Wilson seu amigo.


Então, foi naquele dia, 03 de maio de 2011, começava o 3º dia de viagem com minha parceira oficial de cicloturismo Michelle Murta, era nossa 2ª viagem no litoral, quando ela entra numa areia da praia e cai, não consegue desclipar a sapatilha e torce o pé feio, resultado, teve que pegar um ônibus dali e ir embora pra casa, em um momento me senti sem chão, mas resolvi encarar e continuar sozinho, pra mim um grande desafio, ainda mais naquele dia que estava chuvoso, ventos, um tempo feio, mas superei bem aquele dia e continuei a viagem, alguns dias depois, já no estado do RJ na região dos lagos, foi aonde começou de fato a “Síndrome de Wilson”.


Cheguei em Barra de São João-RJ, um lugarzinho que me simpatizei bastante, um ar de paz, liberdade, tranquilidade, e enterrado na areia ao meio de muitas conchas achei um bonequinho, que apelidaria de Jah-Areias (Jah do reggae, paz, e Areias porque veio das areias), falei pra mim mesmo, a partir de agora ele vai ser meu parceiro até o final da viagem, encaixei ele na parte transparente do meu bag de guidão e pegamos estrada, aonde passava também fazia questão dele aparecer nas fotos, a partir dali não estava sozinho, parece loucura, mas um cicloturista solitário na estrada às vezes necessita dessa companhia imaginária pra não pirar, e logo a frente aconteceria um fato que se identificaria muito com o filme “O Náufrago”.


Quando cheguei em Ponta Negra-RJ me hospedei na casa de um chileno muito gente fina, tinha uma janela grande no quarto, daquelas antigas de madeira que abre toda, e coloquei o Jah-Areias ali na janela, mas não percebi que ele caiu lá fora, acordei e cedo e sai pra continuar a viagem, depois de uns 7km sinto a falta do Jah-Areais, não tenho dúvida, retorno na hora, não poderia deixar ele no meio do caminho, me lembrou a cena do filme que ele não acha a bola e grita, “Wilsooon, Wilsooon...”, rsrs, mas depois de procurar achei ele lá no chão, acomodei ele no lugar e continuamos a viagem, e foi comigo até o final, hoje ele mora aqui no meu quarto junto com vários outros bonecos que tenho.


Podem me chamar de louco, de pirado, talvez seja mesmo, até porque quem sai com uma bicicleta pra cruzar estradas, enfrentar chuva e sol, descobrir o novo, o desconhecido, não seria muito normal mesmo, mas com certeza muito mais feliz que uma pessoa que se julga normal e não tem a ousadia de se jogar no mundo, o cicloturismo, a estrada, cada dia conhecer lugares novos, pessoas novas,  culturas diferentes, viver dias meio de cigano, não tem preço, é muito bom, receita pra longevidade.