quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Síndrome de Wilson


No meu cicloturismo pelo litoral 2011 tive uma experiência nova pra mim, pra muitos cicloturistas seria normal viajar sozinho, mas pra mim encarar momentos legais e difíceis sem ter um parceiro foi no mínimo desafiador, mas encarar o novo é sempre um aprendizado, e com os altos e baixos de encarar a estrada sozinho acho que criei uma síndrome, que aliás muitos cicloturistas vão se identificar, vou chamar de “Síndrome de Wilson”, acho que todo mundo lembra da famosa cena do filme “O Náufrago” né, que faz da bola Wilson seu amigo.


Então, foi naquele dia, 03 de maio de 2011, começava o 3º dia de viagem com minha parceira oficial de cicloturismo Michelle Murta, era nossa 2ª viagem no litoral, quando ela entra numa areia da praia e cai, não consegue desclipar a sapatilha e torce o pé feio, resultado, teve que pegar um ônibus dali e ir embora pra casa, em um momento me senti sem chão, mas resolvi encarar e continuar sozinho, pra mim um grande desafio, ainda mais naquele dia que estava chuvoso, ventos, um tempo feio, mas superei bem aquele dia e continuei a viagem, alguns dias depois, já no estado do RJ na região dos lagos, foi aonde começou de fato a “Síndrome de Wilson”.


Cheguei em Barra de São João-RJ, um lugarzinho que me simpatizei bastante, um ar de paz, liberdade, tranquilidade, e enterrado na areia ao meio de muitas conchas achei um bonequinho, que apelidaria de Jah-Areias (Jah do reggae, paz, e Areias porque veio das areias), falei pra mim mesmo, a partir de agora ele vai ser meu parceiro até o final da viagem, encaixei ele na parte transparente do meu bag de guidão e pegamos estrada, aonde passava também fazia questão dele aparecer nas fotos, a partir dali não estava sozinho, parece loucura, mas um cicloturista solitário na estrada às vezes necessita dessa companhia imaginária pra não pirar, e logo a frente aconteceria um fato que se identificaria muito com o filme “O Náufrago”.


Quando cheguei em Ponta Negra-RJ me hospedei na casa de um chileno muito gente fina, tinha uma janela grande no quarto, daquelas antigas de madeira que abre toda, e coloquei o Jah-Areias ali na janela, mas não percebi que ele caiu lá fora, acordei e cedo e sai pra continuar a viagem, depois de uns 7km sinto a falta do Jah-Areais, não tenho dúvida, retorno na hora, não poderia deixar ele no meio do caminho, me lembrou a cena do filme que ele não acha a bola e grita, “Wilsooon, Wilsooon...”, rsrs, mas depois de procurar achei ele lá no chão, acomodei ele no lugar e continuamos a viagem, e foi comigo até o final, hoje ele mora aqui no meu quarto junto com vários outros bonecos que tenho.


Podem me chamar de louco, de pirado, talvez seja mesmo, até porque quem sai com uma bicicleta pra cruzar estradas, enfrentar chuva e sol, descobrir o novo, o desconhecido, não seria muito normal mesmo, mas com certeza muito mais feliz que uma pessoa que se julga normal e não tem a ousadia de se jogar no mundo, o cicloturismo, a estrada, cada dia conhecer lugares novos, pessoas novas,  culturas diferentes, viver dias meio de cigano, não tem preço, é muito bom, receita pra longevidade.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Desafio Cahoeirão 2011


    Todos já ouviram aquela frase, "o céu é o limite", é bem por ae, nunca desista de encarar um desafio, de superar limites sem antes tentar, porque não tem prazer maior do que completar um desafio e se sentir vencedor, não importa a sua velocidade, sua média, seja a 10km/h ou 30km/h, ficando pra trás do grupo ou na frente, mas o chegar, o completar o desafio, essa é sua vitória, assim é o "Desafio do Cachoeirão", aonde todos são vencedores.


    Depois de divulgar bastante só 3 ciclistas encararam o desafio, nem por isso foi menos legal, ao contrário, 3 amigos que pegaram estrada sem preocupação de sair correndo, curtir a estrada, conversando, num ritmo e astral de cicloturismo.

    
    Saimos às 6:15hs da manhã, o dia estava parcialmente nublado que calaborou nessa jornada, com algumas paradas, lanche, chegamos no Cachoeirão umas 10:30hs da manhã, descansamos, tomamos um banho pra refrescar, almoçamos e depois de um tempos pegamos estrada de volta.


    A volta foi mais penosa, já que as subidas são bem mais fortes, juntando também já o cansaso da ida e o calor mais forte, então a média diminui bem, ficamos mais tempos nas paradas, e pegamos noite na estrada a uns 25km de Campo Grande,  mas chegamos todos inteiros e satisfeitissimos com a conquista do desafio.


    Foram 171km totais, pernas doloridas, bunda que não aguentava mais sentar no selim, mas a recompensa de chegar em casa e provar pra você mesmo que é capaz não tem preço, encerro esse post com uma frase do Lance Armstrong que me incentiva a nunca desistir sem persistir:

"o sofrimento é passageiro, desistir é para sempre"


VIDEO







sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Pedalar a Noite - enxergar além da escuridão


   
Pedalar a noite é sempre uma nova descoberta, o faixo de luz da lanterna, os caminhos que parecem diferentes do visual diurno, sons que só ouve a noite, e desfrutar de um clima ameno bem peculiar da noite.

   Além dos equipamentos básicos de segurança (capacete e luvas), é muito importante para sua segurança preparar sua bicicleta, na traseira uma lanterna piscante, e na dianteira uma lanterna que tenha o modo pisca e constante, esquece esses frogs que não prestam como sinalização, é só mais uma firula, faça opção por uma lanterna mais adequada, hoje existem no mercado lanternas de todo tipo e preços, super potentes e as que dão conta do serviço, seja qual for sua lanterna o importante é não deixar de curtir o passeio.

   Na traseira sempre use a lanterna no modo pisca, na dianteira na cidade aonde tem mais trânsito use no modo pisca, o carro de longe consegue te ver num cruzamento te dando mais segurança, e numa trilha ou parte mais escura do seu caminho passe para o modo constante.


   Sempre pedale em grupos, além de mais divertido é muito mais seguro, fazer trilhas a noite é muito gostoso, além do clima ser mais ameno você sente mais o cheiro da vegetação, ouve a sintonia dos bichos e insetos, caminhos que parecem ser totalmente diferentes do que passar no mesmo lugar de dia, uma experiência única que recomendo a todos, se você tem algum receio de pedalar a noite, e em especial fazer trilhas noturnas, só falo uma coisa, experimente, pode ter certeza que vai querer repetir sempre.


Ah, já ia me esquecendo, quando tiver uma oportunidade faça uma trilha noturna que chegue com o sol raiando, é uma experiência espetacular, única!


VIDEO PARA VOCÊ SE INSPIRAR...

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Caminho


A procura de um caminho, não sei ao certo praonde
pego estrada em um busca do desconhecido
de um destino incerto 

O asfalto passa rápido pela roda da minha bicicleta
os carros voam do meu lado
o verde, os pássaros e seu canto decoram meu caminho

Meus pensamentos voam num lugar mais alto
superior ao nosso mundo terreno
querer entender as pessoas e suas atitudes é dificil
talvez não seja pra entender, seja pra aprender
pra superar e praticar o perdão
já que pior que pareça um acontecimento 
sempre tem um lado bom, um aprendizado

O importante é seguir em frente
continuar a rota pros meus sonhos e realizações
valorizar quem está do meu lado
conhecer novas almas boas nessa caminhada

Vou extrair a energia boa da natureza, do sol, da lua
ficar sentado no alto observando o céu, os pássaros e seu canto
o vento balançando as folhas das árvores
o movimento e o barulho das águas de um corrégo ou rio
me encantar com a poesia da natureza

Não disperdiçar o que Deus nos concedeu de mais valioso
a nossa a vida, é essencial saber vive-la
valorizar as coisas simples da vida e praticar o desapego
nosso espirito necessita de  liberdade
limpeza da alma, da paz superior
se esquentar e se alimentar dessa energia positiva

Não sei aonde vai terminar essa minha viagem
talvez nunca termine
mas com certeza vou encontrar

Encontrar... A PAZ!

Autor: Erich Pontes (Underground)

sábado, 25 de junho de 2011

Ciclotur Litoral 2011 - frustração e realização

Vitória - Rio

           Nossa viagem começa dia 1ª de maio de 2011, 1 ano e 2 meses redondos depois da viagem no litoral em 2010, amigos de alma ansiosos para se reverem e começar uma nova aventura tão boa quanto foi a de 2010, mas alguns contratempos já começaram logo cedo, cheguei no aeroporto em Vitória e logo recebo uma mensagem da Michelle avisando que a Gol impediu ela de embarcar com a bike sem estar embalada devidamente, resultado, ela perdeu o vôo e teve que pagar um absurdo pra pegar outro avião, eu sabendo que ia demorar resolvi dar uma volta por ali enquanto ela não chegasse, andando numa avenida logo senti a traseira da bike molenga, parei e não deu outra, pneu furado, e ainda o traseiro, tive q empurrar um tanto pra chegar num posto e tirar a bagagem pra conseguir facilitar a troca, sózinho foi aquela dificuldade num sol muito forte, resolvido voltei pro aeroporto e esperei a Michelle, logo veio ela contar a história toda, mas falamos, vamos curtir, esquece isso...!



Saimos já tarde de Vitória e resolvemos que chegariamos em Guarapari naquele dia mesmo, pegamos noite e sem sinalização adequada passamos da entrada que nos levaria a um camping que já tinhamos em mente de ficar, ou seja, tivemos que garimpar um lugar e com poucas opções tivemos que pagar uma pousada mais do que queriamos.






No outro dia perdemos mais da metade do dia pra resolver um problema no freio da bike da Michelle, e lá vamos nós sair tarde de novo, nesse dia só conseguimos chegar até a cidadezinha de Anchieta-ES, pechinchando bastante conseguimos um desconto numa pousada, mas pra dormir em camas que praticamente sentia o listrado e banheiro coletivo não foi tão barato assim, mas blz, legal, faz parte de uma viagem, dificuldades pra depois darmos risada, saimos cedo e dai sim foi dia fatidico, depois da praia de Iriri-ES numa areia a Michelle levou um tombo com o pedal clip e o pior que ao tentar tirar torceu o pé feio, ainda tinhamos a esperança de passar um gelol e continuar, mas logo vimos que seria impossivel.





Ela resolveu pegar um ônibus e ir embora, eu não poderia abandonar tudo e nem ela queria isso, então resolvi continuar, pra mim seria uma grande superação, odeio viajar sózinho, e vendo toda aquela situação fiquel bem mal, mas fui lá eu tentando curtir, mas quando não é o dia não é, logo o tempo virou, vento, chuva, sózinho, nessas horas vem aquela deprê, e já sentindo toda situação, estrada montanha russa, já queria parar, era dia ainda, mas não dava mais.




E numa estrada que quase não tem nada, aonde iria parar? Logo vi uma plaquinha camping a 7km, e fui acompanhando as placas ansioso pra chegar, logo cheguei na entrada e peguei uma rua de terra, eram mais uns 4km, e quando chego na frente não acredito, fechado com um cadeado no portão e ninguém, mas quando acreditamos que existe uma força maior que tudo que nos protege as coisas melhoram, quando ia voltando pra estrada um cara de moto para do meu lado e fala se eu tinha ido pro camping e fala que era o dono e tava indo pra lá, agradeci demais, e ainda me fez um precinho legal pro chalé, suite, com vento, chuvinha e frio, nem pensei duas vezes, Leonardo Jubarte, muito gente boa.




No outro dia cedo saio e com outro gás, pensando em superar tudo e curtir, um ciclista solitário mas com sonhos e objetivos a realizar, fui lá eu, e logo na estrada escapei de mais uma, pra variar a estrada mal sinalizada e já tava indo pro lugar errado, quando senti que o caminho tava estranho, perguntei pra um motoqueiro e me indicou o lugar correto, me salvei de novo, e fui eu pra sair do ES e atravessar pro RJ, aguardando mais sorte.



Cheguei em Barra de Itapaboana-RJ, cidadezinha feia, feia, dali sem referência, atrasado, resolvi dar um pulo grande, depois de dar uma volta por lá peguei um ônibus com destino a Macaé-RJ, dai seria uma rota mais tranquila e curtiria mais, só que cheguei a noite lá, no centrão, lugar que dava até medo, e vai lá eu de novo passar por um gelo, não achava lugar pra ficar, e não me aconselharam de jeito nenhum ir a noite direto pra Rio das Ostras, já preocupado com o que ia fazer quando uma luz me abençoou de novo, fui perguntar para um segurança na frente de uma acadêmia se conhecia algum lugar e começamos a conversar, e do nada me ofereceu pra passar a noite na casa dele, era simples, sem luxo, mas de bom grado, Geilson, um cara muito gente boa de bom coração, fez questão de me mostrar os navios da petrobrás, tiramos foto, uma amizade que com certeza vai continuar.





Cedinho sai pra estrada, passei pela orla de Macaé e fui rumo a Rio das Ostras, um acostamento ruim que grudava a bike, não rendia, mas quando cheguei foi além que imaginava, lugarzinho show, dali resolvi que ia continuar e fui passando por Barra de de São João, me encantei com esse lugarzinho, depois Tamoios, e decidi fazer direto pra Cabo Frio-RJ, já que lá tinha pouso num AP emprestado e precisava economizar, não foi fácil, +foi um dia muito bom, e tb o dia que mais rodei, 103km, chegando em Cabo Frio na Praia do Forte com idéia de passar uma noite, mas meu amigo falou para aproveitar já que tava sózinho, resultado, fiquei 1 semana lá, rs, nessa semana ainda fiz Búzios-RJ e Arraial do Cabo-RJ, legal citar a Praia do Foguete em Cabo Frio, se localiza já no caminho pra Arraial, a praia mais linda da viagem, água cristalina, pouca gente, parecia que tava no Caribe (embora que nunca fui pro Caribe, rs) .







Então depois de uma semana saio com a bike carregada com destino a Saquarema, um lugar que tava louco pra conhecer, que aliás fiz bons amigos tb, além do carioca Dibh, um argentino que tava viajando o Brasil surfando e um Australiano, que pena que não fiz foto, a noite fomos num barzinho e novas amizades lá também, muito legal a estadia em Saquarema, até conversei com o lendário Serguei,  que tem sua casa lá que é ponto turistico, o Templo do Rock.
 




No outro dia sai já tarde, pegando uma chuvinha na última etapa da viagem fui até Ponta Negra-RJ, lá conheci na rua o chileno Lorenzo que me fez um precinho camarada pra ficar na casa dele,  e com pouco opção foi mais que bom, além de uma nova amizade e muitas histórias contadas, sai cedo e fui até Maricá que peguei um ônibus e fui embora.





Sentimento de dever cumprido e muitas histórias na bagagem pra contar pros amigos, e provando que somos capazes de superar as dificuldades e que o novo pode dar medo, mas se não enfrentarmos nunca vamos saber se vale a pena, e valeu muito a pena, obrigado a todos que de alguma forma colaboraram com essa mais nova aventura do Underground, 600km de imagens inesqueciveis, novas amizades e o prazer que só o cicloturismo nos proporciona! Valeu!


Todas Fotos: Click Aqui

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